.
.

Oscar Peterson (1925-2007)

Oscar Peterson, exímio pianista canadense que se tornou um dos artistas de jazz mais populares da história, morreu na noite de domingo em sua casa, em Mississauga, Ontario, fora de Toronto. Tinha 82 anos. A causa foi falência dos rins, segundo a Canadian Broadcasting Corporation. Peterson se apresentava publicamente mesmo após ter sofrido um derrame, em 1993, que comprometeu os movimentos de sua mão esquerda. Em vez de ultrapassar as fronteiras do jazz, usava seus dons a serviço da moderação e segurança, satisfazendo seu público fiel tocando em trio ou sozinho ou acompanhando alguns dos nomes mais famosos do jazz. Sua habilidade técnica era sempre evidente, quase transparente. Mesmo em seu ápice, havia pouca tensão em sua forma de tocar. Virou uma estrela para os críticos. Quatro ou cinco álbuns por ano - Uma das estrelas mais produtivas na história do jazz, Peterson acumulou uma discografia enorme. Da década de 1950 até sua morte, lançou quatro ou cinco álbuns por ano, fez turnê pela Europa e pelo Japão freqüentemente e se tornou grande atração de festivais de jazz. Norman Granz, seu influente agente e produtor, o ajudou a ter sucesso, lançando vários discos pelos selos Verve e Pablo, e fazendo com que Peterson fosse o favorito nos shows Jazz at the Phillarmonic nas décadas de 1940 e 50. Peterson ganhou oito Grammy, bem como qualquer outra honraria no mundo do jazz. Ele tocou com gigantes como Louis Armstrong, Count Basie, Charlie Parker, Roy Eldridge, Nat King Cole, Stan Getz, Dizzy Gillespie and Ella Fitzgerald. Duke Ellington se referia a ele como "o marajá dos teclados". Basie disse: "Oscar Peterson toca piano como eu nunca ouvi antes". O pianista e maestro André Previn considera Peterson o melhor dos pianistas de jazz. Numa resenha de uma apresentação em 1987, Stephen Holden, escrevendo no The New York Times, disse: "O senso de swing rock de Peterson, com influência de Count Basie, é equilibrado por uma delicadeza de som e de toque que faz com que suas músicas quase desapareçam no céu". Ele acrescentou: "Sua velocidade incrível era complementada por um senso igualmente incrível de inventividade temática". Muitos críticos achavam que Peterson era mais derivativo do que original, especialmente no início de sua carreira. Alguns até sugeriram que sua fantástica técnica carecia de coerência e às vezes não era compreendida por alguns ouvintes. Billy Taylor, pianista e historiador de jazz, achava que enquanto Peterson era um músico extraordinário, sua capacidade fenomenal às vezes não era notada. Whitney Balliett, crítico de jazz da The New Yorker, escreveu em 1966 que o desempenho de Peterson "continua a ser um pudim com ingredientes de Art Tatum, Nat King Cole e Teddy Wilson". A ambivalência crítica foi caracterizada em 1973 em uma resenha de uma apresentação de Peterson escrita por John S. Wilson, do The Times. Wilson escreveu: "Nos últimos 20 anos, Oscar Peterson foi um dos pianistas mais talentosos da história. Suas apresentações tendiam a ser lindos espetáculos de técnica, mas sem muita emoção". Os críticos que não gostam de Peterson evocaram o que ouviram na década de 1940 sobre o grande violinista Jascha Heifetz, que foi acusado ocasionalmente de ser tecnicamente brilhante e de que não era possível encontrar o coração e a alma dele ou do compositor na música que tocava. O crítico de jazz Gene Lee defendeu Peterson como um "artista sensacional". "Assim como eram Mozart e Bach", escreveu Lee na biografia de Peterson The will to swing (1990). "Bach e Mozart, ambos lidavam com vocabulários conhecidos e princípios estéticos aceitáveis". Ele destacou que como Bach, que usava material que tinha ouvido de Vivaldi, Oscar "usa uma característica curiosa de Dizzy Gillespie". Oscar Emmanuel Peterson nasceu no distrito pobre de St. Antoine, em Montreal, em 15 de agosto de 1925. Foi um dos cinco filhos de Daniel Peterson, um imigrante das Índias Ocidentais, e de Olivia John, a qual Daniel conheceu em Montreal. Daniel Peterson, que trabalhou como carregador de bagagem na Canadian Pacific Railway, aprendeu a tocar órgão antes de chegar a Halifax, em 1917. A mãe de Peterson, que tinha raízes caribenhas, incentivou Oscar a estudar música. Quando menino, começou a aprender trompete e piano. Aos 7 anos, contraiu tuberculose e foi hospitalizado por 13 meses. Temendo o desgaste que o trompete poderia fazer aos pulmões de seu filho, Daniel Peterson o convenceu a se concentrar no piano. Ele estudou primeiro com Lou Hooper e depois com Paul (Alexander) de Marky, um húngaro que tinha dado aulas para a irmã mais velha de Oscar, Daisy. Peterson se identificava tanto com a dança popular de jazz chamada de boogie-woogie que ele não era reconhecido como um músico sério de jazz. Em 1947, Norman Granz, empresário de jazz, estava a caminho do aeroporto de Montreal no táxi quando ouviu um desempenho ao vivo de Peterson em um bar local. Ele pediu que o motorista o levasse até o bar, onde ele convenceu Peterson a afastar-se do boogie woogie. Peterson se tornou o artista principal da série Jazz at the Philharmonic, criada por Granz nos anos 1940. Em 1949, Peterson debutou no Carnegie Hall, tornado-se sensação. Um ano depois, ele ficou em primeiro lugar comoe melhor pianista de jazz, pela primeira vez, na pesquisa de opinião da revista Down Beat. Ele continuaria a ganhar outras vezes, a última em 1972. A autobiografia de Peterson, A jazz odyssey: The life of Oscar Peterson, foi publicada em 2002 pela Continuum. Peterson foi casado quatro vezes. Teve uma filha, Celine, com sua quarta esposa, Kelly, e seis filhos do primeiro e do terceiro casamentos: Lyn, Sharon, Gay, Oscar Jr., Norman e Joel. (Fonte: Richard Severo - The New York Times).